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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Quem é Olavo Schneider de Carvalho?



Há alguns anos, quando eu ainda era colaborador do Mídia sem Máscara, um amigo, então aluno do Olavo de Carvalho em seu “seminário de filosofia” em São Paulo, relatou-me uma conversa que tiveram em que o professor lhe perguntou se seu sobrenome era de origem judaica. Ele respondeu que não, mas que, de fato, tinha uma avó judia. O Olavo então quis saber por qual via e, ao dizer que era pela materna, o professor afirmou: “Mas então você é judeu”! E complementou: “Se você fosse para Israel você seria reconhecido como judeu”!

Olavo de Carvalho se referia à Lei do Retorno, de Israel, que reconhece o status de judeu e confere cidadania a quem tenha uma mãe ou avó judia. Mas, a despeito do reconhecimento israelense, o Olavo já o considerava um judeu de fato pela simples ascendência, e apesar de saber que seu aluno era cristão.

Para entender esse raciocínio, vamos às suas palavras no artigo “Israel aos olhos de um cristão (sic)”, que escreveu para a revista Visão Judaica em 2004:

Já a condição de povo profético foi dada aos judeus coletivamente, definitivamente e incondicionalmente. Eles próprios não podem revogá-la. Se pecam, se abandonam o caminho, se renegam o próprio D-us, isso não muda em nada o seu estatuto eterno.  (grifos meus)

Para o Olavo, a condição de judeu é irrevogável. E, coerentemente com o seu perenialismo – que, como se observa em Schuon e Guénon, na prática, sempre levou ao sincretismo que eles mesmos criticavam da boca para fora  -, ainda afirmou:

Bastam essas duas constatações para que o leitor inteligente conclua que cristianismo e judaísmo não são espécies do mesmo gênero, não ocupam o mesmo lugar na economia da salvação, não têm a mesma função no plano divino e, portanto, não estão em concorrência de maneira alguma.

Se “não são espécies do mesmo gênero”, se não “estão em concorrência de maneira alguma”, e sendo a condição de judeu irrevogável, isso quer dizer que é possível aderir ao cristianismo sem renegar o judaísmo (só não avisaram isso aos católicos romanos, orientais ortodoxos e protestantes), e até mesmo a despeito de não se considerar como tal! E, indo mais longe ainda, ele não se limitou a essas duas religiões, pois afirmou, na série de entrevistas que concedeu a Yuri Vieira e que deu origem ao True Outspeak, que não só elas, mas todas as diferentes tradições “não são espécies do mesmo gênero”.

Entende-se com isso por que, até ser confrontado pelo Prof. Orlando Fedelli, cujos conhecimentos sobre gnosticismo subestimou, ele se denominasse publicamente “católico-judeu-islâmico”: ao se dizer católico, ele se baseou no fato de que foi batizado; dizer-se “islâmico” também se justifica por ter se convertido ao Islã pelo menos desde sua entrada na tariqa do Schuon, onde disse, em vídeo, ter praticado os ritos esotéricos e exotéricos dessa tradição, chegando mesmo a pagar o zakat, um dos 5 pilares da religião (além de reconhecer até hoje o status profético de Maomé).

Mas com base em que critério ele pôde se dizer “judeu”?

Muito provavelmente, no mesmo que lhe permitiu afirmar categoricamente que o meu amigo também o é: do fato de ter uma avó materna judia. É pelo menos o que me chegou a partir de um de seus familiares, e parece ser corroborado pelo que se encontra na internet.

Verifica-se, nesse post do Facebook, em comentário a uma foto postada por uma de suas filhas, a seguinte identificação:



É também possível confirmar essa ascendência na árvore genealógica que a mesma filha mantém no site Geni:




Ao que tudo indica, o sionismo de Olavo Schneider de Carvalho tem origens muito mais profundas do que se suspeitava. Perenialista, filo-maçônico, cripto-judeu e sionista: só falta seu culto à Virgem Maria (compreendida como manifestação de Shakti, como Schuon reiterou repetidamente) ter as mesmas origens cabalísticas da mariolatria esotérica dos seguidores de Jacob Frank. Admirador do sofiologista Soloviov, que recomendava enfaticamente em seu seminário em São Paulo, ele já é.

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