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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Gurufight


Olavo de Carvalho em seu perfil no Facebook hoje:



E lá fui eu ver o que ele e seus alunos estariam fazendo pelo Brasil.

O artigo se refere a presos que estão lendo clássicos da literatura ocidental em um programa inspirado pelas aulas do Olavo. Segundo artigo anterior dos mesmos autores:

É sempre conveniente mencionar que todos os presos participantes do projeto também trabalham em atividades internas ou, excepcionalmente externas sob fiscalização, ... os apenados voluntariamente reservam horas de seu descanso para a leitura, pois exercem uma série de funções no presídio, como trabalhos na cozinha, limpeza, artesanato, fabricação de sapatos em parcerias com empresas locais fiscalizadas pelo Juízo etc.... Já na primeira conversa com o primeiro leitor veio a grata surpresa: relato contundente do complexo enredo, com detalhes, elementos chave bem captados e, pasmem, em uma folha de caderno, uma errata, uma lista de erros encontrados pelo preso leitor no livro - erros ortográficos ou frases que, pela tradução, ficavam sem sentido. Na verdade, os dois primeiros entrevistados, companheiros de cela, apresentaram a “revisão ortográfica”, anotaram as dúvidas (geralmente palavras que não encontravam no dicionário que sempre acompanha a entrega de cada livro, por exemplo nomes próprios), o que nos deixou muito satisfeitos já de plano, pois restou claro que houve dedicação e mesmo debate interno sobre a história de Raskólnikov. Incentivar a conversa sobre a obra foi também um objetivo indireto alcançado...Somente três dos dezesseis homens entrevistados na primeira sessão apresentaram sinais evidentes de capacidade intelectual reduzida ou de capacidade de expressão precária. Um nos apresentou resumo escrito, pois estava nervoso e não conseguia lembrar de detalhes específicos do livro por problemas de memória, o que pareceu verdadeiro, pois lhe foram feitas perguntas sobre alguns detalhes periféricos, e ele conseguiu se recordar, demonstrando que efetivamente houve leitura, sendo as dificuldades mais de relato do que de apreensão. O que começou com a tentativa de entrega de um relato escrito acabou gerando uma entrevista delicada mas proveitosa...

Ou seja, não é que prisioneiros com o perfil de um Fernandinho Beira-Mar ou de um Marcola se arrependeram do que fizeram no passado e abandonaram a vida do crime graças ao Olavo de Carvalho ou seus alunos. O que ocorreu foi que 16 prisioneiros, em sua maioria com capacidade intelectual e comportamento acima da média, estão lendo clássicos da literatura. É só isso! 

O que seria de se orgulhar é se os três que "apresentaram sinais evidentes de capacidade intelectual reduzida ou de capacidade de expressão precária" tivessem, com o tempo, expandido sua capacidade intelectual ou de expressão, mas nem no segundo artigo - o que foi linkado no post do Olavo - eu encontrei qualquer indicação de que algo assim tenha ocorrido. 

Um motivo de orgulho mais justificado ainda seria se houvesse qualquer indicação de diminuição dos índices de reincidência criminal. Nem mesmo The Great Books Foundation, que promove leituras dos clássicos em prisões americanas desde 1999 - não, os discípulos do Olavo não inventaram a roda! - alega que esse programa em especial ajuda a baixar a reincidência. Só diz que programas educacionais têm esse efeito, e nem sabemos, de forma cientificamente demonstrada, se os clássicos da literatura não poderiam ter um inesperado efeito contrário!

E falando em ciência, a diminuição da reincidência no crime também parece ocorrer com aqueles presos que praticam Meditação Transcedental:

The Transcendental Meditation program has been introduced into prison rehabilitation programs in a number of countries, most recently in the prisons of the Caribbean nation of Dominica. Prison studies show improved behavior and reduced stress and recidivism.
A study published in 2003 in the Journal of Offender Rehabilitation found that inmates at a maximum security prison in Walpole, Massachusetts, demonstrated that prisoners participating in the TM program were 33% less likely to return to prison. Studies in the Folsom and San Quentin prisons in California also found 35-50% less recidivism after prison release.
Na guerra dos pseudo gurus, o Brasil talvez estivesse se dando melhor se desse ouvidos a Maharishi Mahesh Yogi.





2 comentários:

  1. Mesmo que o Olavo não tivesse feito nada pelo país (que não é verdade), ele teria feito mais do que você, que tem como realização cultural e intelectual este blog, lido por mim e sua mãe.

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  2. 1. Sim. Criou um batalhão de retardados, do qual vc é um. Mas um retardado medroso, que tem medo até de se identificar.

    2. Errou. A minha mãe não lê esse blog.

    3. Os números do Blogger demonstram que há mais do que três pessoas que lêem esse blog. Na realidade, dezenas de pessoas o visitam por diz. E vc é uma delas, trouxão.

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